ìndice

sexta-feira, 11 de julho de 2014

ALGUMAS RESPOSTAS SOBRE CIRURGIA BARIÁTRICA


1 – A cirurgia bariátrica é reversível?

Apenas a gastrectomia vertical (em que um pedaço do estômago retirado) e o duodenal switch, onde uma das etapas da cirurgia é a gastrectomia vertical, não são reversíveis. As demais técnicas podem ser revertidas. No entanto, a reversão é extremamente complicada, oferece mais riscos do que a cirurgia em si e realmente só é feita em casos extremos, como em pacientes com câncer ou com aids. Se o paciente está com peso normal estável e as doenças estão controladas não há razão para desfazer o procedimento.


2 – Não vou engordar mais depois da cirurgia?

Não. Nenhum procedimento faz milagre. As cirurgias prescindem de reeducação e manutenção alimentar e física para que os resultados sejam efetivos. O paciente precisar ter em mente que a cirurgia é apenas o início de uma mudança de vida, que inclui comer corretamente, de forma mais saudável, incluindo no cardápio frutas, verduras, legumes, carnes, pães integrais, sucos. O paciente poderá comer de forma mais comedida e com mais frequência, de 3 em 3 horas, deixando as guloseimas para ocasiões especiais.


3 – Como ter certeza de que a técnica é regulamentada?

No Brasil existem hoje quatro técnicas regulamentadas pela Resolução nº 1.942/2010 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que estabelece normas seguras para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida, definindo indicações, procedimentos e equipe . Os demais procedimentos e técnicas cirúrgicas para o controle da obesidade não apresentam indicação atual de utilização ou ainda estão em fase de estudos.


4 – Qual o perigo de me submeter a técnicas não regulamentadas?

Profissionais que praticam técnicas não aprovadas pelo CFM estão atuando fora da legislação brasileira e expondo seus pacientes a riscos desnecessários de complicações e morte. Para uma técnica ser aceita, ela precisa ser comprovada por anos de pesquisa clínica e ter perfis de segurança e eficácia aceitáveis, passando pelo crivo dos órgãos regulatórios de saúde de cada país. Prometer soluções mágicas do tipo “coma tudo o que quiser e não engorde” é, no mínimo, mentiroso e antiético.


5 – Quais as chances de ganho de peso posterior? Em quanto tempo isso é observado?

Até dois anos após a cirurgia, o paciente ainda está perdendo peso. A partir do momento que esse processo se estabiliza, é possível haver algum ganho, caso o paciente “baixe a guarda” e não se esforce para manter o peso. Esforço significa manter uma dieta balanceada e atividades físicas, o que é recomendado para os operados ou não. A cirurgia é apenas o primeiro passo rumo a uma nova vida e é preciso abandonar antigos costumes nocivos e adotar uma forma de vida mais saudável, que inclui dieta equilibrada e a prática de exercícios.

O principal fator para ganho de peso posterior é a não adesão ao tratamento, que não se resume apenas às cirurgias bariátricas. O tratamento deve ser multidisciplinar, ou seja, com médico, nutricionista, psicólogo e educador físico, já que o paciente deverá a aprender a viver de uma maneira diferente.


6 – Como escolher o cirurgião bariátrico?

Ao tomar a decisão, procure profissionais habilitados com experiência comprovada na área, evitando aqueles que prometem soluções milagrosas ou que pratiquem técnicas não aprovadas pelo CFM. No site da SBCBM consta a relação de todos os cirurgiões associados, que, obrigatoriamente, passam por programas de atualização e revisão científica.


7 – Poderei ter filho?

Recomenda-se que a mulher aguarde 18 meses depois da cirurgia para engravidar, assim o organismo estará mais adaptado. É importante ter um acompanhamento médico e nutricional durante toda a gravidez, para evitar a carência de vitaminas essenciais para o bebê. Se for o caso, o médico pode indicar uma suplementação oral ou injetável. O pré-natal deve ser acompanhado pelo nutricionista, cirurgião e obstetra.


8 – Devo  parar de fumar e de beber? Por quanto tempo? Quanto tempo depois da cirurgia posso voltar a fumar e ingerir bebidas alcoólicas?

Quem faz uso destas substâncias têm um risco maior para complicações em qualquer procedimento. Portanto, o ideal é que pare de fumar e de beber. Além de todos os riscos, a nicotina prejudica a cicatrização da pele, o que pode levar à infecção. As bebidas alcoólicas são agressores das mucosas do estômago e do intestino e reduzem a absorção de alguns nutrientes, por isso devem ser evitadas, sobretudo nos primeiros 6 meses, quando ocorre uma readaptação do trato gastrointestinal. O álcool é absorvido muito rapidamente após a cirurgia e cai na circulação sanguínea podendo levar à embriaguez mesmo com pequenas quantidades.


9 – O que é o dumping? Eu vou ter?

Todo operado está sujeito a ter a síndrome de dumping. O consumo de alimentos calóricos doces (pudins, sorvetes, milk-shake, leite condensado, sucos com açúcar, refrigerantes) e gordurosos pode causá-la. O Dumping acontece quando, depois de beber ou comer, o paciente apresenta taquicardia, sudorese, tontura, queda da pressão arterial e diarreia. Qualquer combinação destes sintomas pode ocorrer em intensidades variadas, dependendo do que a pessoa comeu. Alimentos ricos em açúcares e gorduras, em excesso, não devem fazer parte do cardápio de ninguém, operado ou não.


10 – Meus cabelos vão cair e minhas  unhas  vão ficar quebradiças?

Queda de cabelo e unhas quebradiças são sintomas comuns durante qualquer processo de emagrecimento, seja por cirurgia, dieta ou em decorrência de doenças que "consomem" a pessoa (como o câncer, por exemplo). No caso do paciente bariátrico, esses sintomas não devem persistir por mais de quatro meses.

Se não houver acompanhamento com a equipe multidisciplinar, o paciente pode apresentar déficit de vitaminas e proteínas, o que pode levar a estes sintomas. Nesses casos, é preciso rever a alimentação com o nutricionista e, se necessário, iniciar suplementação vitamínica oral ou injetável.


11 – Quais as possíveis complicações durante e após a cirurgia?

Os riscos são os mesmos de outras cirurgias abdominais, por isso a bariátrica deve ser feita em um hospital com estrutura adequada. Nas cirurgias disabsortivas é comum haver falta de nutrientes devido à baixa ingestão de alimentos e é necessária a suplementação vitamínica. Mais raramente, a cirurgia bariátrica pode gerar complicações como infecção, tromboembolismo (entupimento de vaso sanguíneo), discências (separações) de suturas, fístula (desprendimento do grampo), obstrução intestinal, hérnia no local do corte, abscessos (infecções internas) e pneumonia.


12 – O efeito da pílula anticoncepcional após a cirurgia pode ser reduzido?

Nas cirurgias restritivas não há problemas, mas nas cirurgias que privilegiam a mal absorção, pode ser que a pílula anticoncepcional tenha eficácia reduzida. Em muitos casos, recomenda-se a utilização de dois métodos anticoncepcionais concomitantemente, mas essa é uma avaliação que deve ser feita caso a caso pelo ginecologista.


13 – É necessário fazer complementação de vitaminas? Por quanto tempo?

O paciente submetido a cirurgia bariátrica deverá ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar por toda a vida. Ele deverá realizar exames sempre e a reposição poderá ou não ser realizada. No entanto, se o paciente conseguir manter uma alimentação adequada, rica em carnes magras, verduras, legumes, frutas e massas integrais, a suplementação vitamínica não é necessária.

Contudo, com o estilo de vida moderno, nem sempre isso é possível, então os suplementos vitamínicos entram como aliados para combater os sinais da falta de nutrientes (fraqueza, queda de cabelo, unhas quebradiças, dor de cabeça). Em alguns casos, a suplementação pode ser para a vida toda.


14 – Depois da operação, terei que fazer exercícios físicos?

Sim, sempre. Os exercícios físicos fazem parte do tratamento da obesidade, independente da técnica utilizada. Os benefícios do exercício são ainda maiores para os operados: aceleração do processo de emagrecimento, ganho de massa magra (músculo), redução da flacidez, melhora do condicionamento físico, melhora do desempenho cardiorrespiratório, fortalecimento dos ossos e ganho de disposição.


16 - Alguma técnica permite comer mais do que outra?

Em todos os procedimentos, o paciente deve se habituar a comer pequenas quantidades, várias vezes ao dia. As cirurgias disabsortivas, como o Scopinaro e o Duodenal Switch, permitem que o paciente tenha uma capacidade maior de alimentação. Em contrapartida apresentam efeitos colaterais sérios como o aumento da frequência evacuatória e a urgência evacuatória.


17 - Quanto tempo dura o processo de emagrecimento? Há risco de emagrecer demais?

Perde-se peso mais rapidamente no primeiro e no segundo ano após a cirurgia, mas a velocidade do emagrecimento vai diminuindo até estacionar, geralmente por volta do segundo ano. Todo ser humano tem um peso ideal em torno do qual o corpo tende a se estabilizar, ainda que pequenas variações para mais ou para menos sejam comuns ao longo dos anos



1.      Cirurgias desabsortivas


Cirurgias bariátricas que fundamentalmente provocam o emagrecimento impedindo que os alimentos passem por todo o intestino delgado (local em que os alimentos são absorvidos, penetrando em nosso corpo). São o resultado da evolução daquelas primeiras cirurgias já descritas e são chamadas de desabsortivas. A mais conhecida é a operação de Scopinaro (médico italiano que idealizou e propaga esta operação). Uma parte do estômago também é retirada, no entanto, não há grande diminuição da ingestão de alimentos.

Outra operação também desabsortiva é o resultado de uma mudança na operação de Scopinaro com uma retirada do estômago de forma diferente e é conhecida como Duodenal Switch. 


         Duodenal Switch.                                                          Desabsortiva

     Cirurgia de Duodenal Switch     Cirurgia de Scopinaro



Cirurgias gastrorestritivas


Cirurgias bariátricas que provocam o emagrecimento por diminuir o tamanho do estômago, fazendo com que o paciente coma menos. São por isso chamadas de gastrorestritivas. A mais conhecida é a Banda Gástrica Ajustável. Esta operação consiste em se colocar uma banda envolvendo o estômago e fazendo com que o alimento ingerido fique inicialmente parado em uma pequena parte do estômago propiciando a sensação de saciedade, o que faz a pessoa sentir-se satisfeita e sem fome após ter comido bem pouco. A banda é chamada de ajustável porque através de um dispositivo, fixado acima da musculatura da barriga e embaixo da gordura, podemos apertar ou alargar esta banda conforme a necessidade. Para isso injetamos um líquido através deste dispositivo.

Ultimamente foi aprovada um novo tipo de cirurgia que transforma o estômago em um tubo.Na verdade é a parte referente ao estômago da cirurgia de Duodenal Switch. É conhecida como gastroplastia vertical tubular. Ao retirar parte do estômago, também retira o fundo gástrico, onde é produzido um hormônio chamado Grelina. A ausência deste hormônio diminui a fome e melhora a diabetes. 

        

Banda gástrica ajustável
Gastroplastia vertical tubular
Banda gástrica ajustável
Gastroplastia vertical tubular


Cirurgias mistas


Cirurgias bariátricas que provocam o emagrecimento diminuindo o estômago e também impedindo que haja absorção por pequena parte do intestino delgado. São por isso chamadas de mistas. A mais conhecida é a operação de Capella-Fobi, uma homenagem aos dois cirurgiões que a idealizaram. Esta tem sido a operação mais usada no Brasil porque apresenta, em geral, um emagrecimento mais efetivo que a Banda Gástrica Ajustável e uma desnutrição menor que a operação de Scopinaro. Com esta cirurgia o alimento passa, apenas, por uma parte pequena do estômago (embora nenhuma parte de estômago seja retirada do corpo) onde fica retido por um tempo, uma vez que a este nível é colocado um anel para diminuir a passagem. Podemos também não colocar o anel e realizarmos este estreitamento ao realizar a costura entre o novo estômago pequeno e o intestino (cirurgia de Higa).

Isto impede que o alimento passe com facilidade, provocando sensação de saciedade, o que faz a pessoa sentir-se satisfeita e sem fome após ter comido bem pouco. Em seguida a comida passa para o intestino delgado, mas por 1,20m não consegue entrar no corpo porque ainda não sofreu a ação do suco pancreático (digestão). Após 1,20m o alimento vai entrar em contato com o suco pancreático e a partir daí vai ser normalmente absorvida pelo organismo.

Cirurgia de Capella-Fobi
Cirurgia de Capella-Fobi sem anel (Higa)
Cirurgia de Capella-Fobi
Cirurgia de Capella-Fobi sem anel (Higa)







quinta-feira, 10 de julho de 2014

PORQUE SENTIMOS MEDO?




Instinto

Se não tivéssemos medo, não teríamos nenhum receio  de carros em alta velocidade, de animais venenosos e de doenças contagiosas. Tanto nos seres humanos como nos animais, o medo tem por objetivo promover a sobrevivência.  Com o decorrer do tempo, as pessoas que sentiram medo, tiveram mais pressão evolutiva favorável.  
Durante a polêmica que existia no século XIX a respeito da evolução, a "face do medo" (a expressão de olhos arregalados e boca aberta que costuma acompanhar o medo extremo) se tornou motivo de discussão. Por que as pessoas fazem essa expressão quando estão aterrorizadas?
Alguns diziam que Deus deu a todas as pessoas uma maneira para que outras soubessem que estavam com medo caso não falassem a mesma língua. Charles Darwin, por outro lado, disse que isso era o resultado de um enrijecimento instintivo dos músculos disparado por uma resposta desenvolvida para o medo e, para provar isso, foi à seção de répteis do zoológico de Londres. Tentando permanecer totalmente calmo, aproximou-se o máximo possível do vidro enquanto uma víbora disparava em sua direção do outro lado. Em todas as tentativas, ele fez aquela cara e pulou para trás. Em seu diário, ele escreveu: "minha força de vontade e razão estavam impotentes contra a imaginação de um perigo pelo qual jamais havia passado". A conclusão a que chegou foi a de que toda a reação ao medo é um instinto antigo intocado pelas nuanças da civilização moderna [ref - em inglês].
A maioria de nós não precisa mais lutar (ou correr) por nossas vidas na selva, mas o medo está longe de ser desaparecer, pois continua servindo ao mesmo propósito que servia na época em que se encontrava com um leão enquanto se trazia água do rio. A diferença é que agora  carregamos carteiras e andamos pelas ruas da cidade. A decisão de usar ou não aquele atalho deserto à meia-noite é baseada em um medo racional que promove a sobrevivência. Na verdade, o que mudou foram só os estímulos, já que corremos o mesmo risco que corríamos há centenas de anos e nosso medo ainda serve para nos proteger da mesma forma que nos protegia antes.
A maioria de nós jamais esteve perto da peste bubônica (epidemia que atacou a Europa na época medieval), mas nosso coração dispara ao vermos um rato. Para o ser humano, além do instinto, também há outros fatores envolvidos no medo. O ser humano pode ter o dom da antecipação , o que nos faz imaginar coisas terríveis que poderiam acontecer: coisas sobre as quais ouvimos, lemos ou vimos na TV. A maioria de nós nunca vivenciou um acidente de avião, mas isso não nos impede de sentar em um avião e agarrar firme nos apoios dos braços. A antecipação de um estímulo de medo pode provocar a mesma reação que teríamos se vivêssemos a situação real e isso também é um benefício obtido com a evolução.
A maior parte desses medos entra com eles na vida adulta.
Outros medos comuns incluem falar em público, ir ao dentista, dor, câncer  e cobras. Muitos de nós tememos as mesmas coisas. Será, então, que existem medos universais? Coisas que todos tememos?
Alguns estudos mostram que os seres humanos podem ser geneticamente predispostos a temer determinadas coisas como aranhas, cobras e ratos, todos eles animais que já apresentaram um perigo real pelo fato de serem venenosos ou carregarem doenças. O medo de cobras, por exemplo, já foi encontrado em pessoas que nunca estiveram frente a frente com uma cobra. Isso faz sentido se pensarmos no medo como um instinto evolucionário incrustado no consciente humano.
Essa ideia do medo universal é apoiada por várias fontes famosas, programas populares da TV como o "Fear Factor" (Fator medo) da rede americana NBC. 
E essa ideia também é apoiada por pesquisas científicas. O psicólogo Martin Seligman realizou um experimento de condicionamento no qual mostrava aos participantes fotos de certos objetos e lhes dava um choque elétrico em seguida. A ideia era criar uma fobia (um medo intenso e irracional) do objeto da foto. Quando era uma foto de algo como uma aranha ou uma cobra, bastavam de dois a quatro choques para estabelecer uma fobia, mas quando a foto era de algo como uma flor ou árvore, eram necessários muito mais choques para que se estabelecesse um medo real.
No entanto, embora possa haver medos universais, também há medos específicos de certos indivíduos, comunidades, regiões ou mesmo culturas. Alguém que cresceu na cidade grande provavelmente tem um medo mais intenso de ser roubado do que alguém que passou a maior parte de sua vida na fazenda. Pessoas que vivem no Sul da Flórida podem ter um medo maior de furacões do que pessoas que vivem no Kansas. Por outro lado, as pessoas que vivem no Kansas podem ter um medo mais profundo de tornados do que as pessoas que vivem em Vermont. As coisas de que temos medo dizem muito sobre as experiências que já tivemos. Por exemplo, existe uma fobia chamada de taijin kyofusho, que é considerada pela comunidade psiquiátrica (de acordo com o DSM IV - Manual de estatísticas e diagnósticos de doenças mentais - em inglês) como uma "fobia culturalmente específica do Japão". Para você não ficar curioso, ela é o "medo de ofender outras pessoas por um excesso de modéstia ou de respeito", uma fobia específica, cuja criação se deve aos complexos rituais sociais que permeiam a vida dos japoneses.
Sentir medo de vez em quando faz parte da vida. O problema é viver com medos crônicos que podem debilitar uma pessoa tanto física quanto emocionalmente, já que viver com uma resposta imunológica debilitada pode acarretar várias doenças.

Fobias
Uma fobia é um temor intenso e persistente que não se baseia em nenhum sentido racional de perigo iminente e impede que o portador participe de atividades que possam desencadeá-la.
Existem três tipos principais de fobias:
Agorafobia : medo de lugares difíceis de escapar ou onde a ajuda pode não estar prontamente disponível caso algo de ruim aconteça.
Fobia social: medo de encontros com outras pessoas.
Fobias específicas: medo de uma coisa ou situação específica, como cobras, falar em público, altura ou sangue.