1 – A cirurgia bariátrica é reversível?
Apenas a gastrectomia
vertical (em que um pedaço do estômago retirado) e o duodenal
switch, onde uma das etapas da cirurgia é a gastrectomia vertical,
não são reversíveis. As demais técnicas podem ser revertidas. No entanto, a
reversão é extremamente complicada, oferece mais riscos do que a cirurgia em si
e realmente só é feita em casos extremos, como em pacientes com câncer
ou com aids.
Se o paciente está com peso normal estável e as doenças estão controladas não
há razão para desfazer o procedimento.
2 – Não vou engordar mais depois da
cirurgia?
Não. Nenhum procedimento faz milagre. As
cirurgias prescindem de reeducação e manutenção alimentar e física para que os
resultados sejam efetivos. O paciente precisar ter em mente que a cirurgia é
apenas o início de uma mudança de vida, que inclui comer corretamente, de forma
mais saudável, incluindo no cardápio frutas, verduras, legumes, carnes, pães
integrais, sucos. O paciente poderá comer de forma mais comedida e com mais
frequência, de 3 em 3 horas, deixando as guloseimas para ocasiões especiais.
3 – Como ter certeza de que a técnica é
regulamentada?
No Brasil existem hoje quatro técnicas
regulamentadas pela Resolução nº 1.942/2010 do Conselho Federal de Medicina
(CFM), que estabelece normas seguras para o tratamento cirúrgico da obesidade
mórbida, definindo indicações, procedimentos e equipe . Os demais procedimentos e técnicas cirúrgicas para o
controle da obesidade não apresentam indicação atual de utilização ou ainda
estão em fase de estudos.
4 – Qual o perigo de me submeter a
técnicas não regulamentadas?
Profissionais que praticam técnicas não aprovadas
pelo CFM estão atuando fora da legislação brasileira e expondo seus pacientes a
riscos desnecessários de complicações e morte. Para uma técnica ser aceita, ela
precisa ser comprovada por anos de pesquisa clínica e ter perfis de segurança e
eficácia aceitáveis, passando pelo crivo dos órgãos regulatórios de saúde de
cada país. Prometer soluções mágicas do tipo “coma tudo o que quiser e não
engorde” é, no mínimo, mentiroso e antiético.
5 – Quais as chances de ganho de peso
posterior? Em quanto tempo isso é observado?
Até dois anos após a cirurgia, o paciente ainda
está perdendo peso. A partir do momento que esse processo se estabiliza, é
possível haver algum ganho, caso o paciente “baixe a guarda” e não se esforce
para manter o peso. Esforço significa manter uma dieta balanceada
e atividades físicas, o que é recomendado para os operados ou não. A cirurgia é
apenas o primeiro passo rumo a uma nova vida e é preciso abandonar antigos
costumes nocivos e adotar uma forma de vida mais saudável, que inclui dieta
equilibrada e a prática de exercícios.
O principal fator para ganho de peso posterior é
a não adesão ao tratamento, que não se resume apenas às cirurgias bariátricas.
O tratamento deve ser multidisciplinar, ou seja, com médico, nutricionista,
psicólogo e educador físico, já que o paciente deverá a aprender a viver de uma
maneira diferente.
6 – Como escolher o cirurgião bariátrico?
Ao tomar a decisão, procure profissionais
habilitados com experiência comprovada na área, evitando aqueles que prometem
soluções milagrosas ou que pratiquem técnicas não aprovadas pelo CFM. No site da SBCBM consta a
relação de todos os cirurgiões associados, que, obrigatoriamente, passam por
programas de atualização e revisão científica.
7 – Poderei ter filho?
Recomenda-se que a mulher aguarde 18 meses depois
da cirurgia para engravidar, assim o organismo estará mais adaptado. É
importante ter um acompanhamento médico e nutricional durante toda a gravidez, para
evitar a carência de vitaminas
essenciais para o bebê. Se for o caso, o médico pode indicar uma suplementação
oral ou injetável. O pré-natal deve ser acompanhado pelo nutricionista,
cirurgião e obstetra.
8 – Devo parar de fumar e de beber? Por quanto tempo?
Quanto tempo depois da cirurgia posso voltar a fumar e ingerir bebidas
alcoólicas?
Quem faz uso destas substâncias têm um risco
maior para complicações em qualquer procedimento. Portanto, o ideal é que pare
de fumar e de beber. Além de todos os riscos, a nicotina prejudica a
cicatrização da pele, o que pode levar à infecção. As bebidas alcoólicas são
agressores das mucosas do estômago e do intestino e reduzem a absorção de
alguns nutrientes, por isso devem ser evitadas, sobretudo nos primeiros 6
meses, quando ocorre uma readaptação do trato gastrointestinal. O álcool é
absorvido muito rapidamente após a cirurgia e cai na circulação sanguínea
podendo levar à embriaguez mesmo com pequenas quantidades.
9 – O que é o dumping? Eu vou ter?
Todo operado está sujeito a ter a síndrome de
dumping. O consumo de alimentos calóricos doces (pudins, sorvetes, milk-shake,
leite condensado, sucos com açúcar, refrigerantes) e gordurosos pode causá-la.
O Dumping acontece quando, depois de beber ou comer, o paciente apresenta
taquicardia, sudorese, tontura, queda da pressão arterial e diarreia. Qualquer
combinação destes sintomas pode ocorrer em intensidades variadas, dependendo do
que a pessoa comeu. Alimentos ricos em açúcares e gorduras, em excesso, não
devem fazer parte do cardápio de ninguém, operado ou não.
10 – Meus cabelos vão cair e minhas unhas vão ficar quebradiças?
Queda de cabelo e unhas quebradiças são sintomas
comuns durante qualquer processo de emagrecimento, seja por cirurgia, dieta ou
em decorrência de doenças que "consomem" a pessoa (como o câncer, por
exemplo). No caso do paciente bariátrico, esses sintomas não devem persistir
por mais de quatro meses.
Se não houver acompanhamento com a equipe
multidisciplinar, o paciente pode apresentar déficit de vitaminas e proteínas,
o que pode levar a estes sintomas. Nesses casos, é preciso rever a alimentação
com o nutricionista e, se necessário, iniciar suplementação vitamínica oral ou
injetável.
11 – Quais as possíveis complicações
durante e após a cirurgia?
Os riscos são os mesmos de outras cirurgias
abdominais, por isso a bariátrica deve ser feita em um hospital com estrutura
adequada. Nas cirurgias disabsortivas é comum haver falta de nutrientes devido
à baixa ingestão de alimentos e é necessária a suplementação vitamínica. Mais
raramente, a cirurgia bariátrica pode gerar complicações como infecção,
tromboembolismo (entupimento de vaso sanguíneo), discências (separações) de
suturas, fístula (desprendimento do grampo), obstrução intestinal, hérnia no
local do corte, abscessos
(infecções internas) e pneumonia.
12 – O efeito da pílula anticoncepcional
após a cirurgia pode ser reduzido?
Nas cirurgias restritivas não há problemas, mas
nas cirurgias que privilegiam a mal absorção, pode ser que a pílula
anticoncepcional tenha eficácia reduzida. Em muitos casos, recomenda-se a
utilização de dois métodos anticoncepcionais concomitantemente, mas essa é uma
avaliação que deve ser feita caso a caso pelo ginecologista.
13 – É necessário fazer complementação de
vitaminas? Por quanto tempo?
O paciente submetido a cirurgia bariátrica deverá
ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar por toda a vida. Ele deverá
realizar exames sempre e a reposição poderá ou não ser realizada. No entanto,
se o paciente conseguir manter uma alimentação adequada, rica em carnes magras,
verduras, legumes, frutas e massas integrais, a suplementação vitamínica não é
necessária.
Contudo, com o estilo de vida moderno, nem sempre
isso é possível, então os suplementos vitamínicos entram como aliados para
combater os sinais da falta de nutrientes (fraqueza, queda de cabelo, unhas
quebradiças, dor
de cabeça). Em alguns casos, a suplementação pode ser para a vida toda.
14 – Depois da operação, terei que fazer
exercícios físicos?
Sim, sempre. Os exercícios físicos fazem parte do
tratamento da obesidade, independente da técnica utilizada. Os benefícios do
exercício são ainda maiores para os operados: aceleração do processo de
emagrecimento, ganho de massa magra (músculo), redução da flacidez, melhora do
condicionamento físico, melhora do desempenho cardiorrespiratório,
fortalecimento dos ossos e ganho de disposição.
16 - Alguma técnica permite comer mais do
que outra?
Em todos os procedimentos, o paciente deve se
habituar a comer pequenas quantidades, várias vezes ao dia. As cirurgias
disabsortivas, como o Scopinaro e o
Duodenal Switch, permitem que o paciente tenha uma capacidade maior
de alimentação. Em contrapartida apresentam efeitos colaterais sérios como o
aumento da frequência evacuatória e a urgência evacuatória.
17 - Quanto tempo dura o processo de
emagrecimento? Há risco de emagrecer demais?
Perde-se peso mais rapidamente no primeiro e no
segundo ano após a cirurgia, mas a velocidade do emagrecimento vai diminuindo
até estacionar, geralmente por volta do segundo ano. Todo ser humano tem um
peso ideal em torno do qual o corpo tende a se estabilizar, ainda que pequenas
variações para mais ou para menos sejam comuns ao longo dos anos
1.
Cirurgias desabsortivas
Cirurgias bariátricas que fundamentalmente
provocam o emagrecimento impedindo que os alimentos passem por todo o intestino
delgado (local em que os alimentos são absorvidos, penetrando em nosso corpo).
São o resultado da evolução daquelas primeiras cirurgias já descritas e são
chamadas de desabsortivas. A mais conhecida é a operação de Scopinaro (médico
italiano que idealizou e propaga esta operação). Uma parte do estômago também é
retirada, no entanto, não há grande diminuição da ingestão de alimentos.
Outra operação também desabsortiva é o resultado
de uma mudança na operação de Scopinaro com uma retirada do estômago de forma
diferente e é conhecida como Duodenal Switch.
Duodenal Switch. Desabsortiva
2 Cirurgias gastrorestritivas
Cirurgias
bariátricas que provocam o emagrecimento por diminuir o tamanho do estômago,
fazendo com que o paciente coma menos. São por isso chamadas de
gastrorestritivas. A mais conhecida é a Banda Gástrica Ajustável. Esta operação
consiste em se colocar uma banda envolvendo o estômago e fazendo com que o alimento
ingerido fique inicialmente parado em uma pequena parte do estômago propiciando
a sensação de saciedade, o que faz a pessoa sentir-se satisfeita e sem fome
após ter comido bem pouco. A banda é chamada de ajustável porque através de um
dispositivo, fixado acima da musculatura da barriga e embaixo da gordura,
podemos apertar ou alargar esta banda conforme a necessidade. Para isso
injetamos um líquido através deste dispositivo.
Ultimamente
foi aprovada um novo tipo de cirurgia que transforma o estômago em um tubo.Na
verdade é a parte referente ao estômago da cirurgia de Duodenal Switch. É
conhecida como gastroplastia vertical tubular. Ao retirar parte do estômago,
também retira o fundo gástrico, onde é produzido um hormônio chamado Grelina. A
ausência deste hormônio diminui a fome e melhora a diabetes.
Banda gástrica ajustável
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Gastroplastia vertical tubular
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3 Cirurgias mistas
Cirurgias
bariátricas que provocam o emagrecimento diminuindo o estômago e também
impedindo que haja absorção por pequena parte do intestino delgado. São por
isso chamadas de mistas. A mais conhecida é a operação de Capella-Fobi, uma
homenagem aos dois cirurgiões que a idealizaram. Esta tem sido a operação mais
usada no Brasil porque apresenta, em geral, um emagrecimento mais efetivo que a
Banda Gástrica Ajustável e uma desnutrição menor que a operação de Scopinaro.
Com esta cirurgia o alimento passa, apenas, por uma parte pequena do estômago
(embora nenhuma parte de estômago seja retirada do corpo) onde fica retido por
um tempo, uma vez que a este nível é colocado um anel para diminuir a passagem.
Podemos também não colocar o anel e realizarmos este estreitamento ao realizar
a costura entre o novo estômago pequeno e o intestino (cirurgia de Higa).
Isto
impede que o alimento passe com facilidade, provocando sensação de saciedade, o
que faz a pessoa sentir-se satisfeita e sem fome após ter comido bem pouco. Em
seguida a comida passa para o intestino delgado, mas por 1,20m não consegue
entrar no corpo porque ainda não sofreu a ação do suco pancreático (digestão).
Após 1,20m o alimento vai entrar em contato com o suco pancreático e a partir
daí vai ser normalmente absorvida pelo organismo.
Cirurgia de Capella-Fobi
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Cirurgia de Capella-Fobi sem anel (Higa)
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