ìndice

domingo, 20 de maio de 2012

O TRASTORNO DE PÂNICO



Sob o aspecto histórico o nome Pânico tem origem no nome do Deus grego Pan, um ser transgênico , a mistura entre um ser humano e a cabra. Este deus era muito feio e teria assustado a própria mãe a ponto de fazê a correr após seu parto. Este deus vivia nas montanhas da Arcádia e seu comportamento mais comum era surgir, sem avisos, na presença das pessoas que, apresentavam em consequência, extrema reação de medo e intensos sinais de ansiedade, surgindo daí o termo pânico. Há referências de que os gregos erigiram um templo ao deus Pan na Acrópole, nas imediações do mercado principal de Atenas denominado Ágora: local ou praça pública. Assim foram observadas pessoas (pela civilização grega) que apresentavam medo de ir a este local, onde o termo Agorafobia começou a caracterizar o medo de frequentar tal mercado, ou melhor, os locais públicos. Provavelmente desde tal período a associação se mostrou profícua entre o Transtorno do Pânico a Agorafobia. (Caetano, 1990)

Ainda se convive com a ideia de que o portador da Síndrome do Pânico é alguém medroso, fraco de caráter, sem força de vontade, etc.. O que precisa ficar claro é que esse tipo de rotulação  é fruto de mera desinformação que gera o  preconceito. Na verdade, o perfil profissional que é mais frequentemente acometido pelo transtorno é o de pessoas inteligentes, sensíveis, criativas, perfeccionistas, dinâmicas, extremamente responsáveis, versáteis e muito comprometidas com o trabalho.

Bernard Rangé, ressalta, que algumas causas físicas, aliadas a situações e experiências emocionais e psicossociais do indivíduo, podem propiciar ao surgimento do transtorno do pânico. É o caso da baixa produção de serotonina (neurotransmissor produzido pelo cérebro, fundamental para a percepção e avaliação do meio que rodeia o ser humano, e para a capacidade de resposta aos estímulos ambientais), além de problemas no funcionamento da válvula mitral, entre outros. Ele considera prematuro concluir que há uma predisposição genética para o transtorno, embora reconheça que, na prática, as ocorrências em membros de uma mesma família são observadas com frequência significativa. “Não posso afirmar que a genética seja determinante. Há estudos neste sentido, mas creio que é cedo para conclusões”.

Aproximadamente de 10-12% da população geral já sofreu um Ataque de Pânico nos últimos 12 meses e entre 2-6% da população preenchem critérios para Transtorno do Pânico, com ou sem Agorafobia. Barlow (1999) definiu como Transtorno do Pânico com Agorafobia, a ansiedade sobre a recorrência do Pânico e, Transtorno do Pânico sem Agorafobia, o Pânico por si próprio. 

Os quadros de ansiedade estão de maneira geral divididos grosseiramente em dois grupos:

1. Com comportamentos de apreensão, ideações de fim eminente, com início repentino associado a variações físicas perturbadoras.(Transtorno do Pânico);

2. Preocupação imaginária ou excessiva que se refere a várias circunstâncias vitais, com
incapacidade em enfrentar problemas antecipação negativa. (Ansiedade Generalizada)

Pessoas diagnosticadas com Transtorno do Pânico apresentam baixo comportamento ansioso fora dos Ataques de Pânico, baixa auto-observação de estados ansiosos, possuem argumentação lógica que propõe um entendimento de estado atual (não condizente), baixa relação entre ansiedade e estados corporais, além de normalmente apresentar baixa assertividade e alto índice de stress.
Cognitivamente o paciente portador do Transtorno do Pânico tem um senso de catastrofização marcante. Onde o transcurso contemplativo da sequência de eventos em sua vida tende a catástrofe quase que impreterivelmente. Este aspecto é marcante e ajuda muito na diferenciação de outros quadros ansiosos.

Uma pessoa mais vulnerável ficará apreensiva com essas sensações, considerando que já é acostumada a prestar mais atenção aos seus sinais corporais. Ela poderá começar a interpretar de maneira catastrófica, ou seja, seu pensamento diante do coração disparado, da dificuldade de respirar e das pernas moles pode ser: “e se eu estiver tendo um ataque cardíaco?”. A partir dessa ideia de perigo, ela começa a ficar mais apreensiva e os sinais iniciais se agravam. Percebendo o aumento destas sensações corporais, ela constata que realmente está tendo um ataque cardíaco, e assim, se instala por completo o ciclo do ataque de pânico.

Como saber se você tem síndrome de pânico?
Responda as questões abaixo com sim ou não:
  1. Foi parar no hospital achando que estava tendo um ataque no coração, só para mais tarde ouvir do médico que tudo isso não passava de uma crise de ansiedade?
  2. Ficou  com medo da falta de ar que o aperto do peito causa, achando que vai parar de respirar?
  3. Só de entrar no carro já se apavorou porque tem medo de dirigir ou ficar preso no trânsito?
  4. Não conseguiu dormir e ficou  na cama balançando as pernas freneticamente, ou em outro comportamento,  com o coração palpitando?
  5. Sente todos os dias  nervoso, morrendo de medo de sair do controle e surtar?
  6. Luta interminável com pensamentos ansiosos e preocupações obsessivas que não saem da sua cabeça?
  7. Sente um desconforto muito grande quando está em lugares abafados e fechados como cinemas, ônibus, supermercados?
  8.  Sente Falta de ar;
  9. Sente um aperto forte na garganta e peito;
  10. Coração batendo muito mais que o normal (parece que vai sair do corpo);
  11. Formigamento em alguma parte ou por todo o corpo;
  12. Tontura e Náuseas;
  13. Febre alta seguida de ataques de ansiedade;
  14. Preocupações obsessivas e pensamentos indesejáveis;
  15. Falta de concentração;
  16. Medo dos outros acharem que você é louco?
Todos estes sintomas de ansiedade e desagradáveis sensações são comuns em quem sofre do transtorno/síndrome do pânico.Se você respondeu SIM a mais de 10 pergunta, você deve procurar um profissional em psicologia ou psiquiatria.

A cura não se dá de forma espontânea, o que significa que a sintomatologia não desaparece a menos que a pessoa receba tratamento específico, especializado, para que seja eficaz.
Atualmente, o tipo de tratamento para a Síndrome do Pânico que vem obtendo bons resultados tem se baseado nas recentes contribuições de estudos e pesquisas inspiradas numa visão integrada do ser humano ¾ psico-soma. Isso significa, em termos de tratamento, associar psicoterapia e medicamentos. Enquanto a psicoterapia auxilia a compreensão dos motivos do pânico e estimula as mudanças de atitudes necessárias para eliminá-lo, os medicamentos, em casos onde o quadro sintomatológico é mais intenso, garantem à pessoa o equilíbrio necessário para poder se beneficiar da psicoterapia.
 
O processo psicoterapêutico, em geral, leva alguns meses. Quando bem conduzido, num primeiro momento, evita as crises ou pelo menos reduz substancialmente a intensidade e a frequência delas, trazendo alívio significativo. Na medida em que vão ocorrendo as sessões psicoterapêuticas o paciente vai aprendendo mais sobre os seus sintomas, sobre si mesmo, e, sobretudo, aprendendo a agir em conformidade com essas descobertas ou novas percepções. Por conseguinte, ao familiarizar-se com suas potencialidades o paciente se tornará o próprio agente da mudança de seu estado ao invés de envergonhar-se dele.
 
Com efeito, esse é o passo mais difícil porém decisivo na medida em que funcionará como o elemento detonador do processo de cura. Tal atitude, que será obtida no próprio processo psicoterapêutico, fornecerá os meios necessários para que a pessoa acometida da Síndrome do Pânico se perceba capacitada para alcançar com sucesso a eliminação de tal mal. Trata-se de uma atitude imprescindível para a conquista da cura, e que pode ser traduzida por: reapropriação do respeito por si próprio.
Na clínica Cognitivo-Comportamental o uso de automonitoramento, inventários, análise das queixas concomitante a análise funcional do relato, a apresentação de informações ao paciente sobre a doença garantem ao profissional o diagnóstico adequado do caso.
Concluindo, o diagnóstico do Transtorno do Pânico para abordagem Cognitivo e Comportamental é fundamental para escolha adequada do tratamento pertinente ao transtorno e, devido ao histórico do Transtorno do Pânico, sua epidemiologia, a publicidade advinda dos meios de comunicação e o sofrimento paciente, pode não ser uma fácil tarefa, mas que só exige investigação, atenção e cuidado.