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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Fiz uma capacitação para ser docente em um curso de agente socio ambiental..e falou-se entre outros de Morin, posto uma resenha..bem elucidativa da cegueira que permeia os nossos olhares.

- As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão

É impressionante que a educação que visa a transmitir conhecimentos seja cega ao que é conhecimento humano, seus dispositivos, enfermidades, dificuldades, tendências ao erro e à ilusão e não se preocupe em fazer conhecer o que é conhecer.

De fato, o conhecimento não pode ser considerado uma ferramenta "ready made", que pode ser utilizada sem que sua natureza seja examinada. Da mesma forma, o conhecimento do conhecimento deve aparecer como necessidade primeira, que serviria de preparação para enfrentar os riscos permanentes de erro e de ilusão, que não cessam de parasitar a mente humana. Trata-se de armar cada mente no combate vital rumo à lucidez.

É necessário introduzir e desenvolver na educação estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à ilusão.


O calcanhar de Aquiles do conhecimento

A educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão. O conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo. Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados pelos sentidos. Resultam, daí, os inúmeros erros de percepção que nos vêm de nosso sentido mais confiável, a visão.

Ao erro da percepção acrescenta-se o erro intelectual

O conhecimento, como palavra, idéia, de teoria, é fruto de uma tradução/construção por meio da linguagem e do pensamento e, por conseguinte, está sujeito ao erro. O conhecimento comporta a interpretação, o que introduz o risco de erro na subjetividade do conhecedor, de sua visão de mundo e de seus princípios de conhecimento.

Daí os numerosos erros de concepção e de idéias que sobrevêm a despeito de nossos controles racionais. A projeção de nossos desejos ou de nossos medos e pás perturbações mentais trazidas por nossas emoções multiplicam os riscos de erro.

O desenvolvimento do conhecimento científico é poderoso meio de detecção de erros e de luta contra as ilusões. Entretanto, os paradigmas que controlam a ciência podem desenvolver ilusões, e nenhuma teoria científica está imune para sempre contra o erro. Além disso, o conhecimento científico não pode tratar sozinho dos problemas epistemológicos, filosóficos e éticos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Nem agressivo nem passivo...seja Assertivo

  A palavra assertividade significa algo como "ser firme e afirmativo mas não agressivo". Ela pode ser até confundida, a nível de comportamento com a agressividade, mas uma pessoa assertiva não é agressiva de modo algum. Apenas sabe impor-se quando está sendo injustiçada ou sendo lesada em seus direitos.
  A pessoa assertiva sabe dizer "não" quando lhe convém e não "vai com as outras" em tudo que lhe falam ou induzem. Saber dizer "não" é um dos pontos mais importantes para sermos assertivas. Treine isso em casa (dizer "não") todos os dias se for o caso de você ser totalmente manipulada pelos outros. Não aceitar desclassificações de quem quer que seja quanto à nossa pessoa, nossos hábitos e costumes, nosso modo de viver e comportar-se, nossa vida pessoal, nossa sexualidade, nosso modo de usar o tempo e o dinheiro; enfim, a pessoa assertiva não deixa que os outros pensem por ela ou a conduzam a um padrão de conduta que ela não se sente bem, não aceita ou até não suporta. Sabe quando está sendo manipulada e exige que a pessoa manipuladora pare ou caia fora da sua vida. Numa fila de banco por exemplo, ela não se deixa enganar por furadores de filas e põe a boca no trombone.


DIREITOS ASSERTIVOS:

1. Você tem o direito de julgar o seu próprio comportamento, pensamentos e emoções, e assumir a responsabilidade por seu início e conseqüências sobre você mesma.
2. Você tem o direito de não apresentar razões ou desculpas para justificar seu comportamento.
3. Você tem o direito de julgar se é responsável por solucionar problemas de outras pessoas.
4. Você tem o direito de mudar de idéia a hora que quiser.
5. Você tem o direito de cometer erros - e ser responsável por eles.
6. Você tem o direito de dizer: "Não sei."
7. Você tem o direito de ser independente da boa vontade de outros, antes de lidar com eles.
8. Você tem o direito de ser ilógica ao tomar decisões.
9. Você tem o direito de dizer: "Não compreendo."
10. Você tem o direito de dizer: "Não me importo."


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

FEIRA DE TROCAS

UMA FORMA PRAZEROSA DE COMPRAR,TROCAR E MOVIMENTAR A ENERGIA DA ABUNDÂNCIA!
Ciranda de Trocas
Que tal dar uma pausa nas compras e experimentar um encontro divertido sobre as práticas de consumo e os diferentes motivos que definem nosso relacionamento com os objetos e com as pessoas?
Se você gostou da idéia venha participar da nossa Feira!

Como participar?
Você deve levar alguns bens ou serviços para trocar. Vale desde alimentos caseiros, CDS, roupas e objetos em geral até uma massagem, uma aula interessante, oferecer-se para molhar as plantas de alguém e tudo o mais que a criatividade inspirar!
Na Feira trocamos diretamente os produtos ou serviços uns com os outros. Para as trocas indiretas temos uma moeda própria, com a nossa cara, caso contrário fica difícil conseguir aquele CD se o dono dele não gostar de nada do que você está oferecendo...
Mas como conseguir essa tal “moeda própria”? Através de um banco que neste dia comprará uma cota dos produtos ou serviços oferecidos pelos participantes, essa é a forma de colocar nossa “moeda” em circulação.
Ao final da Feira haverá também um momento cultural onde os saberes são bem vindos. Quem quiser poderá contribuir com uma poesia, uma música, um conto e outros talentos.

Para encerrar essa tarde especial teremos um lanche coletivo onde contamos com a contribuição de todos!
Então, preparado para dar uma boa olhada no armário e checar suas habilidades?
Esperamos por você para compartilhar essa divertida e proveitosa experiência comunitária!

Focalizadoras:
Leny Spessotto e Marcia Borges      

QUANDO
Dia 31 de Janeiro das 14h às 17h

ONDE
Rua Leopoldo Amaral, 43- Aclimação (altura do nº 1700 da
Para  informações: (11) 2645-1237/ 9979-0447 ou através do e-mail
ciranddadalua@yahoo.com.br



NOTICIA ENVIADA POR:NINA ORLOW

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Integração solidária e os desafios para a consolidação de um novo sistema econômico

Integração solidária e os desafios para a consolidação de um novo sistema econômico
Experiências e expectativas foram debatidas em uma assembleia intercontinental, na tarde de hoje. A atividade foi realizada no lonão América, montado no Parque da Medianeira, e contou com a moderação de Ademar Bertucci, da Cáritas Brasileira, e como debatedores Carola Reintjes, da Espanha e representante da Organização Internacional de Economia Solidária, e Eduardo Letelier, do Chile, representando o Espaço Mercosul Solidário.


Durante a assembleia, foi feita uma retrospectiva da economia solidária, sua formação em diversos países e como se desenvolveu esse processo. Inúmeros representantes de entidades ligadas à economia solidária deram seu depoimento e destacaram a integração entre mercados como uma forma de consolidação da prática, já difundida na América Latina. Conforme Carola, deve ainda ter um salto de desenvolvimento ainda maior, visto que o atual sistema econômico está em crise. Carola ainda falou sobre uma economia solidária reconhecida a partir de políticas públicas e, num futuro bem próximo, sobre a instituição de centros de experiências e socialização de boas práticas, através de união de setores, como poder público, universidades, centros formadores e de capacitação de agentes.


“O mundo está em crise, o modelo econômico também, e a economia solidária está crescendo. Estamos mostrando que uma alternativa econômica é possível, onde o pequeno é belo, é bonito, assim como o grande”, salientou a espanhola, que vê como ponto positivo no Brasil a paixão como a qual a economia solidária é feita. Durante a assembleia também foi relatada a experiência dos Estados Unidos, que tem uma experiência mínima se comparada com a América Latina. Nos EUA a economia solidária é feita a partir de uma articulação para o fórum social norte-americano, sendo uma vertente do Fórum Social Mundial. Apenas em 2007, a economia solidária começou a se fazer presente no país da América do Norte e, até agora, pouca pessoas ouviram falar dessa prática.


Em junho de 2010, na cidade de Detroit, estado americano do Michigan, acontecerá o fórum norte-americano, e um dos eixos da atividade será a economia solidária. O representante da Rede Nacional de Organizaciones Del Banco Popular de La Buena Fe, da Argentina, Juan Antonio Geerneck, falou sobre os desafios de se militar dentro desse movimento e das características de cada região que interferem nas políticas adotadas. “Tem lugares em que um povo tem que ter mais luta que o outro, então é preciso uma mobilização maior. A economia solidária é um trabalho diário, de altos e baixos, mas é um trabalho que dá resultado”, comentou.


Participaram da atividade, representantes do Brasil, Porto Rico, Estados Unidos, Espanha, Japão, Uruguai, Chile, Argentina, Paraguai e Japão. As resoluções tiradas serão levadas para discussão durante os grandes seminários que acontecem nesse sábado, entre 9h e 18h, nos lonões montados no Parque da Medianeira.

Enviada por Daiani Ferrari - MTb 13.509
Assessoria de Imprensa 1º Fórum Social de Economia Solidária e 1ª Feira Mundial de Economia Solidária
Telefone: (55) 9159.7375
Santa Maria/ RS - Brasil

domingo, 24 de janeiro de 2010

Passeio Socrastico*

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:

- "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!"O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno.... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

*Frei Betto - Frei dominicano. Escritor.