O que fazer quando um amigo está
deprimido
Mensagem da Sociedade Brasileira de Psiquiatria Clínica
Pais e adultos tendem a
subestimar alterações de humor indicativas de estados depressivos em crianças e
adolescentes. Até a década de 70 não se reconhecia depressão nessa fase da
vida. Entretanto, não há duvida de que crianças e adolescentes sofrem angústia
e depressão de forma semelhante ao adulto. Muitas vezes essas sensações e
sentimentos são de difícil identificação. Atualmente, o diagnóstico de
transtornos depressivos em crianças e adolescentes é feito essencialmente com
os mesmos critérios utilizados em adultos, embora com pequenas adaptações para
torná-los compatíveis com os diferentes níveis de desenvolvimento.
A depressão pode alterar profundamente o comportamento do adolescente, com redução no desempenho escolar e em outras atividades, isolamento social, alterações no relacionamento familiar e uso de drogas e álcool.
Estudos sugerem importante relação entre depressão e suicídio, tanto em adultos como em jovens. Nestes, o índice de suicídio tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Na Inglaterra e Gales, no período de 1980 a 1990, a incidência elevou-se em 78% em rapazes de 14 a 24 anos e atualmente, no Reino Unido, suicídio é a segunda causa mais frequente de morte nessa faixa etária. Esse ato é, provavelmente, a consequência culminante de dificuldades crônicas ("stresses" psicossociais, problemas comportamentais, depressão e uso de drogas e álcool). Adolescentes que manifestam ideias de suicídio devem ser levados a sério. É particularmente importante identificar e tratar estados depressivos, uma vez que estes parecem conferir alto risco.
A depressão pode alterar profundamente o comportamento do adolescente, com redução no desempenho escolar e em outras atividades, isolamento social, alterações no relacionamento familiar e uso de drogas e álcool.
Estudos sugerem importante relação entre depressão e suicídio, tanto em adultos como em jovens. Nestes, o índice de suicídio tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Na Inglaterra e Gales, no período de 1980 a 1990, a incidência elevou-se em 78% em rapazes de 14 a 24 anos e atualmente, no Reino Unido, suicídio é a segunda causa mais frequente de morte nessa faixa etária. Esse ato é, provavelmente, a consequência culminante de dificuldades crônicas ("stresses" psicossociais, problemas comportamentais, depressão e uso de drogas e álcool). Adolescentes que manifestam ideias de suicídio devem ser levados a sério. É particularmente importante identificar e tratar estados depressivos, uma vez que estes parecem conferir alto risco.
Este folheto, que faz parte de um programa de educação e orientação à população, pode auxiliar pais, educadores e amigos no encaminhamento de jovens para o diagnóstico e tratamento oportunos de transtornos depressivos.
Às vezes, as diversas mudanças e
pressões que você enfrenta ameaçam dominá-lo. Então, não é de surpreender que,
de vez em quando, você ou um de seus amigos se sinta desanimado ou desmotivado.
E aquelas vezes em que as atividades
e perspectivas de vida de um amigo parecem ficar mal por semanas a fio e
começam a afetar o relacionamento entre vocês? Se você conhece alguém nessa
situação, esse amigo pode estar sofrendo de depressão. Como amigo, você ajudar.
1. Informe-se sobre depressão
P. O que é depressão?
R. Depressão é mais do que tristeza ou "rabugice". É mais do
que os altos e baixos normais e corriqueiros. Quando aquele “baixo astral”,
juntamente com outros sintomas, dura mais do que algumas semanas, a situação
pode ser uma depressão clínica. Depressão clínica é um problema grave de saúde
que afeta a pessoa por inteiro. Além dos sentimentos, pode afetar o
comportamento, a saúde e a aparência, o desempenho escolar e a capacidade de
tomar decisões e enfrentar as pressões diárias.
P. O que causa a depressão clínica?
P. O que causa a depressão clínica?
R. Não conhecemos ainda todas as causas da depressão, mas parece haver
fatores biológicos e emocionais que podem predispor uma pessoa a desenvolver um
transtorno depressivo. Pesquisas recentes sugerem uma influência genética nos
transtornos depressivos; a depressão pode ser mais frequente em certas
famílias. Experiências traumatizantes e certos padrões de personalidade, como
dificuldade de lidar com o "stress", baixa autoestima ou pessimismo
exagerado sobre o futuro, podem aumentar as chances de a pessoa se tornar deprimidos.
P. A depressão é comum?
P. A depressão é comum?
R. A depressão clínica é muito mais comum do que se pensa. Afeta milhões
de pessoas por ano. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos demonstram que uma
em cada quatro mulheres e um em cada oito homens terão pelo menos um episódio
ou manifestação de depressão durante a vida. A depressão afeta pessoas de todas
as idades, apesar de ser menos comum em adolescentes do que em adultos. Cerca
de 3% a 5% dos adolescentes tem depressão clínica. Isto significa que em cada
cem amigos, quatro podem ter depressão clinica.
P. É uma doença grave?
R. A depressão pode ser bastante grave. Tem sido correlacionada a baixo
rendimento escolar, baixa frequência às aulas, abuso de álcool e drogas, fugas
de casa e sentimento de inutilidade e falta de esperança. Nos últimos 25 anos,
o índice de suicídio entre adolescentes e adultos jovens aumentou
acentuadamente. Muitas vezes o suicídio está associado a depressão.
P. Os transtornos depressivos são todos iguais?
R. Há várias formas ou tipos de depressão. Algumas pessoas tem um único
episódio de depressão durante a vida, outras têm varias recaídas. Alguns casos
de depressão começam repentinamente sem causa aparente, outros podem ser
associados a condições de vida ou "stress". Às vezes, pessoas
deprimidas não são capazes de executar mesmo os mais simples afazeres diários -
como sair da cama ou se vestir; outras continuam em atividade, porém é evidente
que não agem ou pensam como sempre. Algumas têm transtorno bipolar, no qual o
humor varia entre dois extremos - do mais profundo desespero a estados de
atividade frenética ou de ideias grandiosas sobre sua própria capacidade.
P. A depressão pode ser tratada?
P. A depressão pode ser tratada?
R. Sim, pode. Oitenta a 90% das pessoas que tem depressão - mesmo nas
formas mais graves podem ser ajudadas. Os sintomas podem ser rapidamente
aliviados com tratamentos psicológicos, medicamentos, ou uma combinação das
duas coisas. O passo mais importante para tratar a depressão - e algumas vezes
o mais difícil - é procurar ajuda.
P. Por que as pessoas não conseguem a ajuda necessária?
R. Muitas vezes as pessoas não sabem que estão deprimidas; portanto, não
procuram - nem conseguem - ajuda adequada. Adolescentes e adultos compartilham
o mesmo problema - frequentemente não reconhecem os sintomas de depressão em si
próprios ou em outras pessoas a quem querem bem
2. Aprenda a separar o mito da realidade
Mitos sobre a depressão muitas vezes impedem que as
pessoas se beneficiem de tratamentos eficazes atualmente disponíveis. Os amigos
precisam conhecer a realidade. Estes são alguns dos mitos mais comuns:
Mito: Adolescentes não tem depressão de verdade.
Realidade: A depressão pode afetar pessoas de qualquer idade,
raça ou classe socioeconômica.
Mito: Adolescentes que alegam estar deprimidos são fracos e precisam apenas de força de vontade. Não há nada que os outros possam fazer para ajudá-los.
Mito: Adolescentes que alegam estar deprimidos são fracos e precisam apenas de força de vontade. Não há nada que os outros possam fazer para ajudá-los.
Realidade: A depressão não é uma fraqueza, e sim um grave
problema de saúde. Tanto jovens como adultos deprimidos precisam de ajuda
profissional. Um terapeuta ou orientador experiente pode ajudá-los a aprender
formas mais positivas de ver a si mesmos, mudar o comportamento, superar
problemas ou lidar com relacionamentos. O médico pode prescrever medicamentos
que ajudem a aliviar os sintomas de depressão. Para muitas pessoas, a
combinação de tratamento psicológico e medicamentos é benéfica.
Mito: Falar sobre depressão apenas piora a situação.
Mito: Falar sobre depressão apenas piora a situação.
Realidade: Falar sobre
o que sente pode ajudar um amigo a reconhecer a necessidade de ajuda
profissional. Ao demonstrar amizade e preocupação, oferecendo apoio sem
críticas, você pode encorajar um amigo a falar com os pais ou outro adulto em
quem confie, como por exemplo um professor, ou orientador, sobre como conseguir
tratamento. Se seu amigo se recusar a pedir ajuda, você mesmo pode conversar
com o adulto - esta seria a atitude de um amigo de verdade.
Mito: Pessoas que falam sobre suicídio não se suicidam.
Realidade: Muitas
pessoas que se suicidam já haviam dado "avisos" a esse respeito para
amigos e família. Um sinal ou aviso pode ser uma simples declaração do tipo
"Quem dera estar morto", "Não aguento mais" ou "Meus
pais estariam melhor sem mim". Algumas pessoas chegam até a avisar um
amigo sobre seus planos de se matar antes de decidir faze-lo. Se algum amigo
lhe falar dessa forma, leve a sério! Comunique imediatamente o fato a algum
adulto responsável.
Mito: Contar para
um adulto que o amigo pode estar deprimido é trair sua confiança. Se ele
quisesse ajuda ele procuraria.
Realidade: A depressão
destrói a energia e a autoestima e interfere na capacidade ou vontade da pessoa
de pedir ajuda. E muitos pais podem ainda não compreender a gravidade da
depressão ou dos pensamentos sobre morte ou suicídio. É uma prova de verdadeira
amizade compartilhar a preocupação que você sente com o orientador da escola,
seu professor preferido, seus próprios pais ou qualquer outro adulto em que
você confie.
3. Procure alguém que possa ajudar
Há vários recursos para que os transtornos
depressivos possam ser diagnosticados e tratados. Você pode conseguir ajuda do
médico da família, de psiquiatras de centros de saúde mental, hospitais
públicos ou clínicas particulares, e de outros profissionais de saúde mental.
Este folheto foi traduzido do original em inglês What to do when a friend is depressed – a guide for teenagers, publicado pelo National Institute of Mental Health – NIMH (Instituto Nacional de Saúde Mental) dos EUA, com pequenas adaptações à realidade brasileira. Foi produzido para distribuição a médicos brasileiros, que por sua vez decidirão sobre sua entrega a pacientes ou seus familiares.Este material está disponível à classe médica por solicitação diretamente à Sociedade Brasileira de Psiquiatria Clínica: Av. Presidente Vargas, 433 CEP: 14020-260 – Ribeirão Preto – SP .