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terça-feira, 18 de setembro de 2012

TERAPIA COMPORTAMENTAL EMOTIVA RACIONAL

Albert Ellis é um famoso psicólogo e psicoterapeuta, dissidente de Freud, falecido em 24 de julho de 2007 aos 93 anos, que desenvolveu a Terapia do Comportamento Emotivo Racional (TCER, mais conhecida pela sigla em inglês REBT – Rational Emotive Behavior Therapy).
Autor de 75 livros, durante trinta anos apresentava conferências sobre suas terapias, e contribuiu em muito para o desenvolvimento das terapias cognitivas e comportamentais.

Numa época em que os modelos psicanalíticos estavam muito em voga, Ellis ensinava em Nova York que eles eram uma perda de tempo e era melhor que as pessoas praticassem os comportamentos de sucesso que desejavam desenvolver, ao invés de se questionarem por anos a fio do porquê manifestarem comportamentos inadequados.

Também  sugeria analisar os  comportamentos inadequados e eliciar (descobrir) as crenças irracionais que servem de base para tais comportamentos. E depois de destacar as consequências óbvias destes comportamentos, fazer um processo regressivo – isto é, do fim para o princípio – decidindo quais seriam os comportamentos desejados, estabelecer que crenças são adequadas para manifestar tais comportamentos e, por fim, praticar tais comportamentos até que tais crenças se tornassem naturais.

Ele tratava os distúrbios emocionais segundo o modelo ABC:
(A) Antecedentes
(B) Beliefs (Crenças)
(C) Consequências.

A técnica ABC ensina que, através de modelos cognitivos, as pessoas podem se conscientizar de que é possível superar suas próprias inibições através da detecção do que chamava de “pensamentos contraproducentes” e das crenças irracionais subjacentes, opondo a elas uma análise de sua sustentação empírica (baseada em fatos reais) e também do exercício de pensamentos e crenças mais úteis.

Os textos mais atuais tratam esta técnica como “ABCD”, sendo o (D) Debater, isto é, o confrontamento das crenças irracionais. Assim fica mais claro que apenas conhecer cognitivamente as (C) Consequências dos próprios comportamentos disfuncionais e das crenças irracionais não é suficiente; é necessário praticar comportamentalmente a mudança, isto é, o (D) Debate, seja no plano da linguagem ou da ação.

Os estudiosos de PNL (Programação Neurolinguística) muito se beneficiariam em estudar mais as teorias de Albert Ellis. Suas práticas são de fácil aplicação, sem necessidade de técnicas laboratoriais tão em voga nas terapias comportamentais atuais. A prática do metamodelo linguístico e do trabalho de modelagem, como também o trabalho de linguagem da PNL para a mudança de crenças, são muito enriquecidos com o conhecimento da REBT.

Entre os seus livros disponíveis no Brasil, estão “Como Conquistar sua Própria Felicidade”, “Fique Frio: como Manter a Calma em meio a pressões”, “Sexo sem culpa e sem medo” e “Caminho para a Libertação Feminina”. São meio difíceis de encontrar, mas espero que este post estimule as editoras (Ibrasa, Papelivros e Best Seller) a republicá-los…

Em 1970 Albert Ellis formulou uma lista de onze crenças irracionais, e asseverou que a oposição a elas produziria um ser humano mais satisfeito, motivado e eficiente.

O texto das crenças do autor está muito empolado para os dias atuais, e em alguns textos a lista das crenças difere ligeiramente. Já vi esta lista com doze itens.

Fazendo uma compilação de vários textos acabei encontrando treze itens importantes, ao invés de doze. E por isso aproveito para acrescentar minha contribuição, listando abaixo a minha interpretação, tanto da forma de listar as crenças irracionais quanto as sugestões do que considero a melhor abordagem cognitiva para sua confrontação.

Minhas Ressignificações:
1 – Extrema necessidade para o adulto ser amado ou aprovado por outra pessoa significativa.
Res: Os outros refletem o amor que sentimos por nós mesmos. Decida o que deseja ser, fazer e agir no mundo e se sentirá amado pela pessoa que mais importa: você mesmo.
2 – Certas pessoas são más e deveriam ser punidas.
Res: Ser mau ou bom é um ponto de vista após o acontecido. O importante é agir de forma justa no presente, ao invés de analisar o passado.
3 – É horrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que gostaríamos que fossem.
Res: Seria mais horrível se nunca houvesse nada inesperado. O mundo sem novidade é horroroso.
4 – A felicidade é externamente causada.
Res: felicidade é um hábito interno, isto é, o mundo é um jogo divertido, e não uma luta feroz.
5 – Devemos ficar preocupados com as coisas que podem ser perigosas ou assustadoras.
Res: O sentido do perigo é como a sirene do bombeiro: incômoda, mais muito útil. Mas quando já apagamos o fogo, não adianta deixar a sirene ligada. Prevenir-se de forma calma e atenta é muito mais garantido do que se preocupar.
6 – É mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades ou responsabilidades.
Res: evitar é correr em círculos, sem sair do lugar. Enfrentar é subir uma escada, cada degrau levando para algo
7 – Precisamos nos apoiar em alguém ou alguma coisa mais forte do que nós próprios.
Res: Pense em uma tenda, onde todos os cordéis contrabalançam todos. Quando todos se sustentam e apoiam uns aos outros; somos em conjunto mais fortes.
8 – Deve-se ser inteiramente competente, adequado e realizador em todos os aspectos para ter valor.
Res: ser perfeito é muito chato e cansativo. Fazer bem algo é muito mais satisfatório do que fazer de tudo de forma medíocre.
9 – O passado de alguém é um determinante do seu comportamento para sempre.
Res: O passado é história, e o que conta é a interpretação dela no presente. Interprete-a da forma mais positiva possível e ela lhe servirá para um futuro melhor.
10 – Há uma solução certa, precisa e perfeita para os problemas humanos e precisamos encontrá-la para controlar a situação.
Res: Só há uma solução única para problemas previamente montados com soluções convergentes, tais como questões de escola. Na vida, os problemas são questões de soluções divergentes, isto é, “cobrir um santo descobrindo um outro”. As soluções reais são sempre uma questão de equilíbrio entre vários fatores.
11 – Os problemas e as preocupações de outras pessoas devem nos preocupar.
Res: Cada um tem sua cota de desafios no jogo da vida. Resolver os desafios dos outros torna o jogo de todos muito chato.
12  – As pessoas têm pouca ou nenhuma habilidade para controlar seus distúrbios emocionais e como se sente.
Res: A Habilidade vem com a prática.
13 – Não fazer nada ou protelar uma solução pode ajudar na resposta a uma solução de conflito.
Res: há pouquíssimas chances do adiamento ou protelação ser eficaz. É estatísticamente mais útil jogar uma moeda para o ar e fazer a opção que ocorrer. E é ainda mais útil esforçar-se para decidir a melhor solução, a partir do método de solução de problemas mais prático de todos, conforme descrito abaixo.

MÉTODO DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS “OPADIA”
(Orientação / Problema / Alternativas / Decisão / Implementação / Verificação)
Orientação
- distancie-se emocionalmente da questão;
Problema
- reconheça o problema e defina-o de forma sintética;
- especifique o que quer no lugar, isto é, a solução;
- transforme-a em uma pergunta, isto é, “como consigo sair daqui e chegar ali?”;
Alternativas
- colha informações;
- examine como e onde ocorre e como e onde não ocorre o problema e as soluções satisfatórias;
- liste hipóteses alternativas possíveis para a solução;
Decisão
- analise o custo/benefício de cada alternativa;
- tome a decisão de aplicar uma das alternativas, mesmo que de forma provisória;
Implementação
- acompanhe os efeitos da aplicação desta alternativa;
- crie uma estratégia para manter de forma constante a nova solução;
Verificação
- avalie se a implantação da alternativa atingiu os critérios da solução desejada previamente;
- se não atingiu, faça um novo ciclo de análise do problema, até ficar satisfeito com os resultados;
- faça checagens periódicas, seja para manter ou para aprimorar a solução, readequando às mudanças ambientais.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

DEPENDENCIA AFETIVA



As pessoas dependentes afetivamente, quase sempre,  possuem baixa autoestima, se sentem sozinhas e tem medo da solidão , são inseguras, não confiam em si nem nos outros- sempre estão na expectativa se o outro vai abandoná-la , excessivamente carentes, ciumentas e possessivas, exigindo total atenção do outro. São aquelas pessoas que precisam de aprovação o tempo todo, que não vê defeitos no objeto amado ou, quando vê, acredita que com o tempo conseguirá mudar, é apenas uma fase.  São as pessoas que, podem,  imitam os amigos, se vestindo igual a eles e que se irritam quando outras pessoas entram em suas relações relação. A pessoa pode ter todas essas característica de modo brando, alternando entre uma e outra e não ser uma dependente emocional, contudo quando as características estão presentes quase o tempo todo em quase todas as relações, existe um problema sim!
Nem sempre  a pessoa está consciente – conhece -  a forma como  está se comportando,  o que na realidade é  um grande problema, ela percebe o seu comportamento como que normal. A dependência emocional  é desgastante, para os dois lados da relação, o dependente  não entende que não encontramos a segurança fora, nos  relacionamentos, que a segurança  tem que dela, da autoestima, da autovalorização, da autoconfiança e do autoconhecimento, o outro lado, por sua vez, sente-se sufocado.
O dependente afetivo não consegue terminar os relacionamentos, por mais que ele sofra e por mais que ele saiba que faz os outros sofrerem, pois acreditam que são incapazes de sair desse relacionamento e encontrar a felicidade. Como foi dito a dependência é uma relação , então compreende de mais de uma pessoa,  DEPENDÊNCIA AFETIVA É UMA VIA DE MÃO DUPLA, ninguém é dependente sozinho. A palavra significa subordinação, sujeição, e estar subordinado necessita de algo/alguém que complete a relação.
Para superar a dependência afetiva o primeiro passo é aceitar que isso é um problema  e  procurar  terapia que  precisa ser contínua, constante e persistente é no processo terapêutico que a pessoa irá se conhecer, refletir,  conhecer as suas responsabilidades e de seus potenciais.

Tratamentos em grupos anônimos
MADA (mulheres que amam demais anônimas)
CODA (codependentes anônimos)
HADA (homens que amam demais anônimos).

Abaixo o link para o livro Mulheres que amam demais. Deve ser lido por todos independentemente do gênero.

terça-feira, 31 de julho de 2012

A.C.A.L.M.E-S.E.


O modelo seguinte é a estratégia intitulada “A.C.A.L.M.E.-S.E.” adaptada de Beck, Emery e Greenberg (1985) por Bernard  Rangé, professor de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental da UFRJ. Também fiz algumas adaptações do texto do Prof. Rangé. São oito passos a seguir que veremos abaixo.

1. Aceite a sua ansiedade – O mais importante para lidar com a ansiedade é aceitá-la plenamente. Aceitar o que não podemos mudar é a melhor maneira, e o primeiro passo, para haver alguma mudança. Aceitar não é acomodar, desistir ou não fazer nada. É parar de lutar contra algo diante do qual é impotente. Permaneça no presente, isto porque pessoas ansiosas vivem no futuro e perdem o presente. Elas vivem no “E se isto vier a ocorrer?”, “E se eu não conseguir?”, “E se não encontrar alguém que me ame?”, etc. Aceite as sensações em seu corpo. Não lute contra elas. Lembre-se que você já fez exames médicos revelando que não existem lesões físicas em seu corpo. Tudo está normal nele. É a ansiedade que produz tais sintomas físicos. Pense nisto. Diga para sua ansiedade: “Se você quer ficar por aqui por um tempo, então pode ficar, mas eu vou seguir minhas atividades agora!”. Aceitar a ansiedade faz com que ela desapareça. Lutar contra ela para evitá-la, faz com que ela aumente.

2. Contemple as coisas em sua volta – Depois deste rápido diálogo sobre o que sente, evite ficar olhando para dentro de você se concentrando no que sente. Confie que seu organismo irá cuidar de tudo muito bem. Olhe fora de si mesmo. Descreva para si o que você observa no exterior. Isto ajuda a afastar-se de sua observação interna. Lembre a si mesmo: “Não sou essa ansiedade!”. Você é um observador da ansiedade. Você está com ansiedade, mas não é a ansiedade.

3. Aja com sua ansiedade – Continue agindo como se não estivesse ansioso. Diminua o ritmo com que faz as coisas, mas mantenha-se ativo. Não fuja das tarefas que está fazendo ou irá fazer. Se fugir, a ansiedade abaixa, mas o medo aumenta e da próxima vez poderá ser pior. Continue agindo, devagar, mas agindo.

4. Libere o ar de seus pulmões – Respire devagar, calmamente, inspirando o ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca. Ao inspirar conte até três bem devagar e ao expirar conte até seis devagar também. Faça o ar ir para o seu abdômen, estufando-o ao inspirar e deixando-o encolher-se ao expirar. Ao expirar não sopre, mas deixe o ar sair lentamente por sua boca. Pessoas evitam crises de pânico com este exercício.

5. Mantenha os passos anteriores – Repita-os. Continue a aceitar sua ansiedade; contemplar o exterior; agir com ela como observador e respirar calmamente.

6.Examine agora seus pensamentos – Você deve estar antecipando coisas catastróficas. Lembre-se de que nas outras vezes em que se sentiu assim elas simplesmente não aconteceram. Examine o que você está dizendo para si mesmo e reflita racionalmente para ver se é verdade mesmo o que você pensa de catástrofe. Você tem provas sobre se o que pensa é verdade? Pode entender o que ocorre de outra maneira? Lembre-se: você está ansioso. Isto é desagradável mas é diferente de ser perigoso! Você pode estar pensando que está em perigo, mas você tem provas reais e definitivas disso?

7.Sorria, você conseguiu! – Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Usando estes recursos, sozinho, conseguiu acalmar-se e superar este momento desagradável, assustador. Não é uma vitória contra um inimigo, porque não há inimigo real! Você está aprendendo a lidar com sensações desagradáveis em si mesmo que existem por alguma razão emocional. Pequenos estímulos no corpo ou fora dele geram ansiedade, a qual gera concentração no corpo, disparando sintomas (taquicardia, sudorese, tonteira, etc.), que aumenta a ansiedade, que gera pânico. Tudo imaginação ansiosa. Não há um inimigo real. Da próxima vez lembre-se disto!

8. Espere o melhor – Evite o pensamento fantasioso de que nunca mais terá ansiedade. Ela é necessária para viver sem que precise ficar alta demais. Lembre-se que ela é uma resposta normal diante de algo que o ameaça (real ou imaginariamente). O que pode estar errado é o que você começa a pensar quando percebe a presença da ansiedade. Da próxima vez que a experimentar saberá que ela é um “amigo” que avisa que há algo perturbando e não um inimigo que vai matá-lo ou enlouquecê-lo! Você acabou de dar um importante passo em direção à realidade. Da próxima vez pode ser bem mais fácil

http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol28/n6/artigos/art331.htm

domingo, 15 de julho de 2012

APOIO PSICOLÓGICO PÓS CIRURGIA BARIÁTRICA

O psiquiatra e psicanalista Ronis Magdaleno Junior alerta para a importância do acompanhamento psicológico no pré e pós-operató­rio de mulheres que se submetem à cirurgia bariátrica – ou cirurgia de redução de estômago, como é popularmente conhecida. Para ele, há o risco de que a paciente volte a engordar ou apresentar complicações psicológicas impor­tantes, decorrentes de vários fatores identificados em estudo apresentado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Neste sentido, o psiquiatra indica a necessidade de a equipe de saúde estar instrumentalizada para compreender e atuar de modo eficiente junto ao paciente.
Ronis Magdaleno foi orientado pelo profes­sor Egberto Ribeiro Turato, do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria. Para fundamen­tar a pesquisa, ele entrevistou sete mulheres que passaram pelo procedimento no Ambulatório de Cirurgia Bariátrica do Hospital das Clínicas da Unicamp. Seu objetivo foi investigar as vivên­cias emocionais destas pacientes, bem como as profundas modificações físicas e psicossociais pelas quais passaram. 
A cirurgia bariátrica é indicada no tratamento da obesidade mórbida, principalmente quando existem doenças já instaladas no organismo. A busca pelo procedimento tem crescido de modo expressivo nos últimos anos, visto que os resul­tados são significativamente melhores do que outras terapêuticas conservadoras. A melhora nas condições de saúde para os portadores de diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e problemas osteoarticulares são exemplos de resultados positivos da cirurgia. No entanto, demais aspectos psicossociais como, por exem­plo, a melhora da autoestima e experiências de reinserção social, têm um forte impacto como motivação para a decisão pela cirurgia. 
“O obeso é, muitas vezes, discriminado e sofre com a inadequação social por conta de um apelo estético muito forte na sociedade contemporânea. Por isso, a crescente procura por tratamentos que minimizem ou eliminem esta condição”, destaca o psiquiatra. 
No estudo, foi identificada uma série de questões delicadas e complexas relacionadas a novos conflitos experimentados pelas mulheres após o emagrecimento proporcionado pela cirur­gia. Segundo ele, algumas mulheres apresentam expectativas irreais, chegando a acreditar que o procedimento e o consequente emagrecimento serão a solução para os mais diversos problemas de suas vidas. Imaginam, por exemplo, resolver conflitos emocionais e conjugais ou até mesmo relativos à imagem corporal. Também acreditam na melhora da timidez e, nestes casos, o risco de desilusão com a cirurgia e seus resultados é mui­to grande, o que pode levar a uma desmotivação em manter o desafio de manter a perda de peso. 
Outra questão apontada pelo pesquisador diz respeito às alterações do impulso alimentar e da fome. Sabidamente, o paciente portador de obesidade mórbida apresenta problemas relacio­nados ao controle do impulso alimentar, muitas vezes utilizando o alimento como tentativa de resolver angústias de outra natureza. Após a cirurgia bariátrica, esta via é impedida de modo significativo pela diminuição da capacidade volumétrica do estômago, sendo a sensação de saciedade experimentada rapidamente, mas não a satisfação alimentar. 
Se este aspecto não for adequadamente trabalhado do ponto de vista psicológico, o pa­ciente pode desenvolver outras estratégias para preencher este vazio ou insatisfação, criando mecanismos compensatórios que podem resultar em desvios da compulsão alimentar para outras vias, como o alcoolismo, por exemplo. Outra destas vias seria a busca de alimentos altamente calóricos, de fácil passagem pelo estômago dimi­nuído pela cirurgia, ingeridos em pequenas quan­tidades e continuamente durante o dia. Deste modo, mesmo sem ingerir grandes quantidades de alimentos por vez, o insumo calórico é muito alto, resultando em aumento de peso. 
Algo que também chamou a atenção do psi­quiatra foi o sentimento de desproteção que as mulheres apresentam após o emagrecimento. Ao se sentirem olhadas e admiradas pelos homens e por outras mulheres, sentem-se expostas, o que faz recrudescer conflitos relacionados à sexualidade. Os sentimentos de inveja, ciúme e competição – que estavam encobertos pela obe­sidade – passam a ser comuns, o que as expõe a situações novas com as quais não estão, muitas vezes, aptas a lidar. 
O cuidado psicológico é uma regra no Ambulatório de Cirurgia Bariátrica do HC da Unicamp, assim como a preocupação em ofere­cer acompanhamento pré e pós-operatório por uma equipe multidisciplinar. O preparo para a cirurgia é longo e inclui a perda de peso antes do procedimento, o que diminui muito os riscos no pré e pós-operatórios. Estes aspectos acabam por selecionar candidatos com motivações realísticas relacionadas à cirurgia.
A realidade, porém, não é uma regra fora do âmbito universitário. Para o pesquisador, somente a cirurgia não é suficiente para um bom prognóstico e uma perda de peso susten­tada ao longo dos anos, sendo fundamental o acompanhamento psicológico antes e depois da cirurgia por profissionais habilitados

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE TOC

1. O que é TOC?
O Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma doença mental crônica (transtorno psiquiátrico), faz parte dos transtornos de ansiedade e se manifesta pela presença de sintomas que denominamos obsessões
e/ou compulsões.

2. O que são Obsessões e Compulsões?
O Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma doença mental crônica (transtorno psiquiátrico), faz parte dos transtornos de ansiedade e se manifesta pela presença de sintomas que denominamos obsessões
e/ou compulsões.

3. O TOC se manifesta sempre da mesma maneira?
Há várias formas do TOC se manifestar. A mais comum é aquela na qual as compulsões aparecem relacionadas às obsessões. Mas, pode ocorrer de o indivíduo apresentar apenas obsessões ou compulsões. Ou seja, uma pessoa apenas ter pensamentos sem fazer nenhum ritual para aliviar. Ou ainda, aquela que tem que fazer algo para se livrar de um incômodo, muitas vezes físico, e não de um pensamento ou imagem.

4. Quando essas preocupações se tornam uma doença?
É importante lembrar que comportamentos obsessivos e compulsivos são necessários em muitos momentos da vida. Para garantir que um bebê sobreviva nos primeiros meses de vida, precisam lembrar sempre de alimentá-lo, não deixa lo em lugares em que possa cair, limpá-lo e tantos outros cuidados. Ou seja, estes são comportamentos que garantem a sobrevivência de todos nós, e que foram selecionados durante o processo de evolução.
Assim, embora sejam comportamentos presentes em toda espécie humana, o que determina o TOC é o grau de intensidade, sofrimento e incapacidade.

5. Pessoas com TOC sabem o que estão fazendo?
É importante lembrar que as pessoas com TOC geralmente têm consciência do seu problema,embora se sintam envergonhadas por não  conseguir  controlar. Na maioria das vezes, elas sabem que seus pensamentos obsessivos são sem sentido ou exagerados, e que seus comportamentos compulsivos não são realmente necessários.
Entretanto tal conhecimento não é suficiente para se livrar da doença. É sabido que as pessoas guardam segredos sobre seus sintomas pois temem serem tidas como "loucas", uma vez que outras pessoas não entendem tais comportamentos.

6. Os sintomas de TOC só aparecem em ocasiões ruins?
É muito comum o comportamento aparecer ou, ainda, reaparecer em períodos estressantes da vida ou de mudanças, que podem incluir até momentos alegres e de mudanças positivas. Em geral, qualquer mudança é complicada para quem tem TOC, mesmo quando boa para a pessoa.

7. O TOC é uma doença nova?
São encontradas descrições clínicas do que hoje se compreende por TOC, desde cerca de 300 anos atrás. No entanto, era algo praticamente desconhecido até a década de oitenta. Foi só a partir daí que surgiu maior interesse pelo assunto, registrando-se crescente número de pesquisas, com
aumento dos conhecimentos e de sua divulgação.
 
8. Será que tem muita gente sofrendo com isso?
 
Estudos recentes indicam um transtorno freqüente, afetando em média 2 % da população. Por exemplo, em um grupo de 50 pessoas da população uma pode apresentar ou ter apresentado TOC. Pesquisas apontam que, mais freqüentemente, o transtorno costuma aparecer no final da adolescência e em número semelhante para ambos os sexos.

9. O que acontece no cérebro de quem tem TOC?
O TOC é um transtorno mental que tem base neurobiológica, ou seja, alterações no funcionamento cerebral podem provocar sintomas de TOC. Um exame de tomografia computadorizada do cérebro mais sofisticada, que chamamos de Pet, tem mostrado que o consumo de glicose em algumas
áreas cerebrais está geralmente aumentado, o que indica provavelmente que estas regiões estão funcionando em excesso. Esse excesso de funcionamento tende a diminuir durante o tratamento medicamentoso, como também mediante terapia
comportamental.

10.Quais as possíveis causas do TOC?
A pesquisa das causas se concentra na interação de fatores neurobiológicos e influências ambientais.
Acredita-se que pessoas que desenvolvem TOC tenham uma predisposição biológica a reagir de forma acentuada ao estresse. Estudos genéticos do TOC e de outras condições relacionadas poderão,
algum dia, possibilitar definir genes que predispõem ao surgimento do TOC. Estudos genéticos recentes, associados a pesquisas de anormalidades neuroquímicas em portadores de TOC, têm sugerido que quando há um caso de TOC, outros membros da mesma família podem ser afetados pelo
mesmo ou por transtornos relacionados, como a Síndrome de Tourette (ST). Foi verificado que entre gêmeos idênticos (monozigóticos) é mais comum (cerca de 65%) do que entre os não idênticos (dizigóticos), o que mostra que o fator genético apresenta um papel relevante. Até agora, não foram feitos estudos com indivíduos adotados ou com gêmeos criados separadamente para observar quanto os genes podem determinar estes comportamentos independentemente do ambiente no qual cada um está e forma de criação. Parece
que pessoas com TOC têm uma vulnerabilidade genética que é desencadeada por fatores ambientais. As investigações em andamento sobre as causas prometem ainda mais esperança para as pessoas com TOC e suas famílias.

11. Devemos tratar o TOC?
Psiquiatras experientes concordam que um tratamento ideal inclui medicação, terapia comportamental, educação e apoio familiar. As medicações associadas à terapia comportamental
são consideradas hoje as primeiras opções de tratamento. Felizmente, na maioria das vezes essa associação terapia+medicação consegue atenuar ou eliminar completamente os sintomas. Na prática, principalmente na saúde pública de nosso país, nem sempre os pacientes estão em condições de procurar uma terapia comportamental. Infelizmente para muitos casos a medicação poderá ser a única terapia ao alcance do paciente.

12. É comum a presença de outras doenças associadas ao TOC?
Sim, a isto damos o nome de comorbidade. Existem também transtornos que se assemelham ao TOC por também apresentarem alguns comportamentos repetitivos. A isso damos o nome de transtornos  do espectro obsessivo compulsivo. Fazem parte desse espectro a tricotilomania (arrancar os próprios cabelos e pelos de maneira recorrente), skin-picking (dermatotilexomania: cutucar excessivamente a
pele), tiques e Síndrome de Tourette (tiques motores e vocais) transtorno dismórfico corporal (percepção errônea e exagerada sobre a aparência física), comprar compulsivo, anorexia, bulimia, etc. 

13. Além dos profissionais de saúde, alguém pode ajudar?
Sim, a família e os amigos são fundamentais no tratamento do TOC. É importante que as pessoas saibam que quem tem TOC não está assim porque quer. Ela provavelmente está sofrendo, e não sabe outra forma de resolver sua situação. Dizer o que tem que ser feito e que não faz o menor sentido,
dificilmente tem resultados, e acaba gerando desentendimentos. Pressionar ou criticar também não ajuda. Procure incentivar qualquer forma de habilidade da pessoa. É importante olhar e valorizar as coisas que o portador tem conseguido fazer e não o contrário. Em geral, quando há alguém com TOC na família, todos os membros da família são de alguma forma afetados. Assim, é muito importante que todos procurem ajuda, principalmente os mais próximos. Esta ajuda pode ser por grupos de apoio a familiares (associações), orientação familiar, terapia familiar ou até mesmo, terapia individual.
(Realização: Projeto Fênix)

domingo, 8 de julho de 2012

HORTA EM TODOS OS LUGARES

Cidade aproveita igreja, delegacia e até cemitério para cultivar hortas

Uma cidade no interior da Inglaterra oferece à população alimentos de graça. O projeto transforma qualquer pedacinho de terra numa horta. Até os lugares mais inesperados.

rhubarb planting 

Uma cidade no interior da Inglaterra oferece à população alimentos de graça. O projeto transforma qualquer pedacinho de terra numa horta. Até os lugares mais inesperados.
Tudo o que se planta cresce em Todmorden - cidade de 11 mil habitantes no norte da Inglaterra. E tudo o que cresce aqui é de todos. No pátio da delegacia de polícia, por exemplo, tem milho, cebola, couve, temperos. Os policiais é que plantaram, mas se algum morador aparece - mesmo sem avisar - pra colher e levar pra casa, não é crime.
“O objetivo é esse mesmo: repartir e incentivar a comunidade a plantar”, diz o delegado.
Parques, ruas, terrenos que eram baldios. Tudo agora é horta. Iniciativa de duas donas de casa que resolveram plantar vegetais no pátio da igreja. Seis anos depois, toda a comunidade está envolvida. E a prefeitura cede os espaços públicos.
O projeto em Todmorden é conhecido como incredible edible - incrivelmente comestível. A ideia é transformar a cidade numa grande feira gratuita. E como todo pedacinho de terra pode virar uma horta, nem o velho cemitério ficou de fora. No meio de túmulos, nascem hortaliças. Tem morango, feijão, salsa, alho e batata.
“É uma delícia poder contar com produtos livres de agrotóxicos. Tem dias que eu planto e tem dias que eu colho”, diz um senhor.
Os resultados aparecem na natureza. A vegetação protege o solo de onde novamente brotam fontes de água e as abelhas, que há quase meio século haviam desaparecido, estão de volta, polinizando as plantas e naturalmente colaborando com o projeto.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/07/cidade-aproveita-igreja-delegacia-e-ate-cemiterio-para-cultivar-hortas.html
http://www.incredible-edible-todmorden.co.uk/apothecary/

 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

TOC - TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

Terapias

Modelo Comportamental – Com base nas formas de aprendizagem (condicionamento clássico, condicionamento operante, aprendizagem social ou por observação e habituação), o modelo comportamental explicaria o surgimento e a manutenção dos sintomas do TOC.
A ansiedade seria uma resposta que, em determinado momento, ficou condicionada (associada) a certos estímulos (objetos, lugares, pensamentos, pessoas) e que, posteriormente, se generalizou para outros estímulos afins.

Modelo Cognitivo – Com base na teoria de que nossos pensamentos influenciam nossas emoções e nosso comportamento. Se tivermos uma forma de pensamento distorcida para representar, avaliar e interpretar a realidade, obrigatoriamente nosso comportamento e nossas emoções (afeto) corresponderão a tal interpretação.
Terapia Cognitiva – A Terapia Cognitiva é uma abordagem ativa, diretiva e estruturada.  Fundamenta-se numa base lógica teórica subjacente, segundo a qual o afeto e o comportamento de um indivíduo são largamente determinados pelo modo como ele estrutura o mundo. (as pessoas desenvolvem determinadas crenças sobre si mesmas, sobre outras pessoas e o mundo).
Suas cognições baseiam-se em atitudes ou suposições (crenças) desenvolvidas a partir de experiências prévias, em geral na infância na medida em que a criança interage com outras pessoas significativas. 
Durante grande parte da vida, a maioria das pessoas pode manter as crenças centrais relativamente positivas. (exemplo: - Eu posso fazer a maioria das coisas de forma competente, eu sou um ser humano funcional).  As crenças centrais negativas podem vir à tona apenas durante momentos de aflição psicológica (exemplo: - O mundo é um lugar corrompido, as pessoas são más, as pessoas vão magoar-me).
As técnicas específicas empregadas são usadas dentro do quadro do modelo cognitivista da psicopatologia. Essas técnicas destinam-se a identificar, testar no real e corrigir conceituações distorcidas e as crenças disfuncionais subjacentes a essas cognições.  O paciente aprende a dominar problemas e situações anteriormente consideradas insuperáveis, através da reavaliação e correção de seu pensamento. O terapeuta cognitivista ajuda o paciente a pensar e agir mais realística e adaptativamente com respeito a seus problemas psicológicos, dessa forma reduzindo os sintomas.
 Esta abordagem consiste em experiências de aprendizagem específicas, destinadas a ensinar ao paciente as seguintes operações:
  1. Observar e controlar seus pensamentos negativos automáticos (cognições);
  2.  Reconhecer os vínculos entre a cognição, o afeto e o comportamento;
  3.  Examinar as evidências a favor e contra seus pensamentos automáticos distorcidos;
  4. Substituir as cognições tendenciosas por interpretações mais orientadas para o real;
  5. Aprender a identificar e alterar as crenças disfuncionais que predispõem a distorcer suas experiências.
Técnicas Cognitivas para o TOC – Várias técnicas desenvolvidas dentro do modelo cognitivo são úteis no tratamento do TOC e, entre elas, existem aquelas mais adequadas para cada manifestação sintomática do TOC. Entretanto, aquilo que conhecemos como Questionamento Socrático constitui a ferramenta principal e mais concreta para corrigir pensamentos disfuncionais (crenças distorcidas), buscando uma “maneira” mais adaptada, racional e realista de interpretar os estímulos e a realidade da pessoa.
Mediante o treinamento desses exercícios o paciente acabará por usá-los de forma automática no seu dia-a-dia, sempre que sua mente for invadida por obsessões ou sentir-se compelido a executar algum ritual ou alguma evitação, enfim, alguma compulsão.
 Técnica Comportamental – A Terapia de Exposição e Prevenção de Rituais tem-se mostrado muito eficaz na eliminação dos sintomas do TOC. Ela está fundamentada exatamente nas modalidades de aprendizagem do indivíduo, especialmente através da habituação. Utilizando-se a habituação pode-se levar o paciente de TOC a abster-se de evitar ou de executar os rituais neutralizadores dos pensamentos obsessivos (compulsões).
A Família e o portador de TOC - As atitudes familiares interferem, sobremaneira, no tratamento do paciente com TOC. A família tanto pode colaborar positivamente, como podem tornar o tratamento mais difícil, já que o paciente necessita praticar exercícios em casa e, muitas vezes, deve contar com a participação dos familiares . Por isso, as atitudes familiares devem ser coerentes com as orientações do terapeuta.


 Andrade MA